quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

eu havia deixado o hotel, entrado no táxi, e tentado explicar em portonhol, que queria chegar ao aeroporto. ainda não tinha passagem de volta pro brasil, não havia checado os horários dos vôos e não possuía o telefone de ninguém na cidade. as pessoas que estavam comigo iriam embarcar para o texas em algumas horas também. talvez os encontrasse pela última vez no bar do aeroporto. era o combinado. conversava com o taxista em uma língua inventada, aleijada, totalmente desleixada. é que quando obedeci meus impulsos e entrei no avião, não pensei nem em comprar um dicionário de espanhol para burros. eu conseguia compreender algumas palavras, porém, e conversávamos sobre a fumaça que havia tomado conta de buenos aires. era um dia ensolarado, mas a fumaça havia coberto o sol. ele tentava aparecer de qualquer forma, egocêntrico como é o sol. eu ouvia "gimme danger" no ipod e rezava para conseguir chegar em casa a tempo. só podia ficar fora do país por 48 horas. tentei contar que tinha passado algumas horas na cidade somente, e que da próxima vez me esforçaria para aprender a língua. nenhum argentino parecia gostar do fato de que eu só "hablava inglês". ele perguntou se eu era cantora e eu disse que não, dando uma risada. olhava para todas as lembranças que havia guardado dos dias anteriores. palhetas, pulseiras de papel, crachás de plástico, cartões, fotos. quando percebi que o sol estava mudando de cor, falei que estava achando aquela cena linda. o taxista parou o veículo e falou que eu podia tirar uma foto. deu um sorriso e disse que agora sim eu havia dado um adeus apropriado. fui embora da cidade com o sol escondido, com a fumaça embaçando a visão.

demorei 12 horas para chegar em casa, mas essa é outra história.

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